Analgesia
Dentre,
praticamente, todos os artigos que vimos nesses últimos textos, praticamente
nenhum se enquadrou no modelo de tratamento da "analgesia".
Ou
seja, se alguém lhe disser que você deve fazer "analgesia" para que
suas dores melhorem e, só depois, começar com exercícios ou outras atividades,
saiba que não há fundamentação
científica nenhuma nessa orientação.
ENFATIZAMOS COM DESTAQUE: o que
provavelmente ocorrerá, se você realizar esse tipo de conduta, é que a melhoria
que você obtiver - que lhe, eventualmente, "permitir" a realização de exercícios - muito provavelmente será devido à própria história natural e efeitos inespecíficos, como discutimos anteriormente.
Efeitos Temporários
Por
outro lado, isso não quer dizer que os aparelhos comumente utilizados para
"analgesia" não possam ter efeito analgésico. Especialmente o TENS e
o Laser parecem promover esse tipo de efeito. No caso, um efeito temporário, que não se mantém após o uso. Esse tipo de
benefício, embora clinicamente (no geral) menos importante, pode ser importante para certos perfis
de indivíduos.
Como
exemplo, para certos pacientes com dor
crônica obter alívio temporário das dores pode ser uma grande coisa,
difícil até de imaginar para quem não está sentindo a dor. Ou seja, não dá pra
desconsiderar totalmente um recurso somente por não trazer benefícios
duradouros. Em atletas de alto
rendimento, freqüentemente com dores, o possível benefício de efeitos
temporários também não pode ser descartado, especialmente se for possível o uso
dos aparelhos ao longo do tempo.
Por
outro lado, ainda em relação aos efeito temporários, por mais que pareçam serem
benéficos (há a diminuição da dor) eles podem
ser prejudiciais.
Em
primeiro lugar, ao diminuir a dor (temporariamente) eles podem estar camuflando os resultados reais do
tratamento. Ou seja, dão a impressão de uma melhora, quando essa melhora
não está acontecendo.
Em
segundo lugar, eles fazem com que os efeitos
reais sejam, erroneamente, atribuídos aos aparelhos. Sejam efeitos oriundos
de outras condutas, sejam efeitos inespecíficos do tratamento, como já
mencionamos anteriormente.
Efeitos Duradouros
Quando
falamos em benefícios duradouros, o único que, possivelmente, pode trazê-los
(ênfase no pode) em certas circunstâncias, é o Laser Terapêutico.
Ainda
assim, são questionáveis. Parece existir uma tendência de que publicações
científicas que não trouxeram resultados positivos (ie tratamentos que não
tiveram efeito) não sejam publicadas. Isso se daria, especialmente, por parte
de quem têm interesse em mostrar resultados. Se após todos esses anos de uso,
marketing e venda de aparelhos como os mencionados ainda não se conseguiu mostrar, com clareza, resultados clínicos efetivos, a balança da probabilidade de sua
efetividade pende para o lado negativo.
O que fazer?
Os não profissionais, pacientes e/ou
leigos devem ter consciência da INEXISTÊNCIA
de fundamentação do tratamento de "analgesia" e da limitada utilidade
clínica dos aparelhos.
Os profissionais devem saber, com base nas
evidências científicas e na pessoa a quem estão atendendo, escolher
adequadamente as condutas a serem utilizadas, incluindo ou não o uso dos
aparelhos.
Salienta-se,
porém, que o uso de recursos sem
efetividade clínica deve ser transmitido com transparência a quem está
pagando por seu uso.
É FUNDAMENTAL QUE TANTO TERAPEUTAS COMO
PACIENTES TENHAM CONSCIÊNCIA DISSO!
Outras considerações
Alguns
poderão criticar dizendo que deixamos de comentar sobre outros aparelhos como Corrente Interferencial, Ondas Curtas,
Micro-Ondas e outros. De fato não o fizemos. Mas a crítica a seu uso parece
também ser válida. Se pesquisarmos tais aparelhos muito provavelmente
observaremos que também não há evidência forte de sua efetividade.
Esperamos
que essa série de artigos tenha, de alguma forma, lhe trazido algum benefício.
Evidentemente
que essas são opiniões. Fique á vontade
para discutir e discordar (sempre com respeito a todos) nos comentários!
<<< parte 3 - o Laser Terapêutico
<<< parte 3 - o Laser Terapêutico
Então faz o que? Fala tudo isso pra nada? Qual é a solução? É isso o que interessa.
ResponderExcluirPrezada Teresa,
Excluirobrigado por seu comentário. O saber o que não se deve fazer, tanto quanto as limitações de cada recurso, é fundamental para que não tratemos nossos pacientes com condutas inócuas ou inefetivas.
Buscamos uma Fisioterapia que seja realmente efetiva, segura e rápida. Sabendo aquilo que não funciona podemos nos concentrar naquilo que é, realmente, importante.
A solução, ao menos sabemos, dificilmente passa pelas condutas mencionadas. E saber isso já é um grande passo para encontrarmos " a solução". ;)
Atenciosamente,
Claudio
Cláudio, de coração muito obrigada pelo seu artigo! Por já ter passado pelo uso de analgesia numa primeira lesão e agora, de novo com a mesma lesão (no mesmo lugar) buscando uma abordagem mais correta, devido a demora da primeira vez na recuperação. O seu artigo realmente me ajudou a entender, pois com um caráter bem científico mostra a realidade (pelo tempo que existe a tecnologia e quantidade de pessoas usando deveriam haver maiores estudos comprovando de fato a eficácia) que infelizmente não são sempre informadas ao paciente ( e fez-me questionar sobre profissionais que optam por não adota-la como foco da fisio, aqui que entra seu artigo), fico mais tranquila sobre o real efeito da "analgesia"...que parece ser confirmado pela minha experiência pessoal. Como atleta, tempo é crucial na recuperação, com lesão no joelho (tendinopatia), segunda vez que me acontece...na primeira vez fizeram muito o uso de "analgesia" por períodos longos como quase 1 mês foco 100% nisso e no segundo mês 50% exercícios e 50% analgesia que caiu pra 20% no fim(com parada em todo tempo das posições lesivas no esporte) começando muito modestamente os exercícios de fortalecimento. Como também depois, não tive treinos constantes por medo de me machucar ficou difícil avaliar eficácia do resultado, mas vire e mexe se forçava um pouco ou uma posição, sentia dor. Depois de quase um ano...Voltei a treinar a 4 meses (constante e progressivo) e uma semana antes da competição fui acometida de novo pela tendinopatia no mesmo lugar após treino onde houve hipersolicitaçao, busquei pronto socorro, deram anti-inflamatórios, busquei ortopedista e ressonância, entre tudo deu 3 semanas, sem uso da fisioterapia no aguardo do diagnóstico, na qual a primeira treinei e competi, segunda parei de usar a perna no esporte mantendo membros superiores, e na terceira parada total. Na segunda semana, ainda sentia dores, e 1 semana após parada total, a dor sumiu. Ou seja, o corpo fez o trabalho dele. Se tivesse usado "analgesia" nesse período, poderia atribuir efeitos aos aparelhos e não ao corpo. Também, Ano passado rompi ligamento parcialmente, e na reabilitação a fisioterapia focou inicialmente e recuperação do movimento (andar...após 3 semanas imobilizada), crioterapia e calor (infravermelho) seguido de massagem para dissipar edema (que ainda estava bem pronunciado) por mais ou menos uma semana e meia. Depois focada 80% subindo pra 90% em exercícios com duas semanas de fisio já não usava mais a muleta ou bengala (primeira semana como muleta como apoio, segunda semana bengala pra apoio emocional rsrs) Com total de um mês de fisioterapia voltei a praticar meu esporte����. E fiquei bem! Então junto com seu estudo, e minha experiência pessoal e uso da lógica(pois o corpo é feito pra se regenerar na maioria dos casos), fico mais tranquila pelo atual fisioterapeuta focar mais na reabilitação, com exercícios, massagem e muito pouco uso da "analgesia".
ResponderExcluirMuito obrigada! E parabéns pela inciativa!
Abraços.