Nos
últimos anos, alguns estudos vem nos ajudando a resolver essa pergunta de forma mais significativa. Vamos separar o
texto a seguir com base nos princípios revelados por esses artigos.
os exercícios de fortalecimento muscular
podem ser um aspecto fundamental
na prevenção de lesões esportivas
1. Dosagem adequada do Treinamento
A dosagem adequada deve ser feita em
qualquer treinamento esportivo, de forma a permitir uma adaptação segura do
atleta às novas cargas às quais ele vai sendo exposto. Um cuidado adequado deve
ser feito em relação a realização de picos agudos de aumento da intensidade
e/ou volume de treinamento (1). Atletas expostos a menores picos agudos, em
relação à carga ao qual estão acostumados, estão expostos a menores riscos de
desenvolvimento de lesões (1). De
fato, tanto as cargas absolutas (total de carga de treino ao longo da semana,
por exemplo), como as cargas relativas (ex: carga semanal em relação à carga
total do mês) parecem relacionadas ao desenvolvimento de lesões (2).
2. Condicionamento Físico Adequado
Uma
consequência natural do que foi exposto acima (1) é a de que atletas mais bem preparados,
capazes de tolerar uma carga maior de treinamento, seriam mais capazes de
tolerar as exigências das competições e treinamentos intensos. Eles estariam
menos expostos aos picos de aumento da intensidade, pois para eles esse aumento
seria relativamente menor. Dessa forma, buscar fornecer aos atletas um melhor condicionamento físico, de forma a
tolerar maiores níveis de treinamento, pode ser outro fator protetor em relação
a lesões (3).
3. Fortalecimento Muscular
Outra estratégia importante para a prevenção de lesões esportivas parece ser o trabalho de fortalecimento muscular (4) De fato, o fortalecimento muscular reduziu lesões de forma mais significativa que a de exercícios proprioceptivos ou, especialmente, alongamento (4). Essa redução ocorre tanto em lesões agudas como lesões de sobrecarga ("overuse").
3. Fortalecimento Muscular
Outra estratégia importante para a prevenção de lesões esportivas parece ser o trabalho de fortalecimento muscular (4) De fato, o fortalecimento muscular reduziu lesões de forma mais significativa que a de exercícios proprioceptivos ou, especialmente, alongamento (4). Essa redução ocorre tanto em lesões agudas como lesões de sobrecarga ("overuse").
4. Sono e Recuperação Adequados
Atletas
adolescentes com menos horas de sono
por noite estavam mais propensos a desenvolver lesões na comparação com atletas
que dormiam mais (5, 6) sendo maior o risco quanto mais velho fosse o atleta (6).
O descanso inadequado também parece
ligado ao maior risco de lesões, tanto em relação ao período de descanso entre
as sessões de treinamento ou competição (5) quanto em relação ao total de dias
de descanso semanal (7). Em atletas de modalidades de endurance (corrida de
longa distância, natação, ski cross-country), ter menos de 2 dias de descanso
semanal estava ligado a um risco aumentado de cerca de 400% de desenvolvimento
de lesões (7).
5. Atenção à especialização precoce
Vem
sendo observado, nos últimos anos, uma possível relação entre a especialização precoce e o risco de
futuras lesões em atletas (8, 9). Dentre as razões para esse risco aumentado
estariam o menor desenvolvimento de um repertório motor, a ausência de descanso
das estruturas motoras (ao praticar esportes diferentes, as estruturas motoras
enfatizadas em um deles seriam menos utilizadas na prática do outro), exposição
ao excesso de treinamento, fragilidade relativa de um sistema
músculo-esquelético em desenvolvimento, exigência de resultados e o desgaste
psicológico (10, 11). Além disso, uma especialização
mais tardia parece relacionada a uma maior proporção de atletas atingindo
nível de atleta de elite e permanecendo por mais tempo nessa situação (12).
6. Atenção à Tríade da Mulher Atleta
6. Atenção à Tríade da Mulher Atleta
Descrita de forma simples, a Tríade da Mulher Atleta é a presença, associada ou não, de alterações alimentares, alterações menstruais e diminuição da massa óssea (13,14). Esses três aspectos estão interligados, já que a energia disponível no corpo (decorrente da alimentação) afeta a densidade óssea tanto de forma direta (hormônios metabólicos) como indiretamente (afetando a função mentrual e a liberação de estrogênio - hormônio que, nas mulheres, "carrega" cálcio para os ossos) (13). Dessa forma, alterações alimentares que promovam um déficit de energia disponível favorecem a fragilização do sistema ósseo e, consequentemente, a ocorrência de lesões ósseas, como fraturas de stress (13). Além disso, pode predispôr a diminuição da performance esportiva e a alterações em diversos sistemas do corpo (como o endócrino, gastrointestinal e outros) (13, 14). A atenção a ela deve estar, especialmente, presente em atividades nas quais ser magro ou leve é um aspecto valorizado (13), ou em atletas que, de forma não relacionada ao esporte, estejam valorizando a magreza e perda de peso. De destaque, a atenção com atletas jovens é muito importante, especialmente pelo fato de que 90% da massa óssea máxima é obtida aos 18 anos de idade (14).
Considerações Finais
Aí
estão 6 princípios que, no mínimo, devem ser levados em conta pelos
profissionais da saúde que trabalham, orientam ou se relacionam com atletas e
têm preocupação com a diminuição dos
riscos ou prevenção de lesões esportivas. Considerar as variações do padrão
de intensidade/volume do treinamento, levar em conta o condicionamento físico
individual de cada um, a utilização de um trabalho de fortalecimento muscular,
enfatizar sono e recuperação adequados e, por fim, levar em conta a
possibilidade de que uma especialização precoce pode não ser tão benéfica são conceitos
relativamente sólidos de forma que sua implementação na prática de
profissionais e equipes pode ser recomendada.
Referências
Bibliográficas
1. Hulin BT, Gabbett TJ, Caputi P,
Lawson DW, Sampson JA. Low chronic workload and the acute:chronic workload
ratio are more predictive of injury than between-match recovery time: a
two-season prospective cohort study in elite rugby league players. British
Journal of Sports Medicine. 2016 Aug;50(16):1008–12.
2. Drew MK, Finch CF. The
Relationship Between Training Load and Injury, Illness and Soreness: A
Systematic and Literature Review. Sports Medicine. 2016
Jun;46(6):861–83.
3. Gabbett TJ. The training—injury
prevention paradox: should athletes be training smarter and harder?
British Journal of Sports Medicine. 2016 Mar;50(5):273–80.
4. Lauersen JB, Bertelsen DM,
Andersen LB. The effectiveness of exercise interventions to prevent sports
injuries: a systematic review and meta-analysis of randomised controlled
trials. British Journal of Sports Medicine. 2014 Jun;48(11):871–7.
5. Luke A, Lazaro RM, Bergeron MF,
Keyser L, Benjamin H, Brenner J, et al. Sports-Related Injuries in Youth
Athletes: Is Overscheduling a Risk Factor?: Clinical Journal of Sport Medicine.
2011 Jul;21(4):307–14.
6. Milewski MD, Skaggs DL, Bishop
GA, Pace JL, Ibrahim DA, Wren TAL, et al. Chronic Lack of Sleep is Associated
With Increased Sports Injuries in Adolescent Athletes: Journal of Pediatric
Orthopaedics. 2014 Mar;34(2):129–33.
7. Ristolainen L, Kettunen JA,
Waller B, Heinonen A, Kujala UM. Training-related risk factors in the etiology
of overuse injuries in endurance sports. J Sports Med Phys Fitness. 2014
Feb;54(1):78–87.
8. Hall R, Foss KB, Hewett TE, Myer
GD. Sport Specialization’s Association with an Increased Risk of Developing
Anterior Knee Pain in Adolescent Female Athletes. Journal of Sport
Rehabilitation. 2015 Feb;24(1):31–5.
9.
Jayanthi NA, LaBella CR, Fischer D, Pasulka J, Dugas LR. Sports-Specialized Intensive Training and the
Risk of Injury in Young Athletes: A Clinical Case-Control Study. The American
Journal of Sports Medicine. 2015 Apr 1;43(4):794–801.
10. Smucny M, Parikh SN, Pandya NK.
Consequences of Single Sport Specialization in the Pediatric and Adolescent
Athlete. Orthopedic Clinics of North America. 2015 Apr;46(2):249–58.
11. Myer GD, Jayanthi N, Difiori JP,
Faigenbaum AD, Kiefer AW, Logerstedt D, et al. Sport Specialization, Part I:
Does Early Sports Specialization Increase Negative Outcomes and Reduce the
Opportunity for Success in Young Athletes? Sports Health: A Multidisciplinary
Approach. 2015 Sep 1;7(5):437–42.
12. Feeley BT, Agel J, LaPrade RF.
When Is It Too Early for Single Sport Specialization? The American Journal of
Sports Medicine. 2016 Jan 1;44(1):234–41.
13. The Female Athlete Triad: Medicine & Science in Sports & Exercise. 2007 Oct;39(10):1867–82.
14 De Souza MJ, Nattiv A, Joy E, Misra M, Williams NI, Mallinson RJ, et al. 2014 Female Athlete Triad Coalition Consensus Statement on Treatment and Return to Play of the Female Athlete Triad: 1st International Conference held in San Francisco, California, May 2012 and 2nd International Conference held in Indianapolis, Indiana, May 2013. British Journal of Sports Medicine. 2014 Feb;48(4):289–289.
13. The Female Athlete Triad: Medicine & Science in Sports & Exercise. 2007 Oct;39(10):1867–82.
14 De Souza MJ, Nattiv A, Joy E, Misra M, Williams NI, Mallinson RJ, et al. 2014 Female Athlete Triad Coalition Consensus Statement on Treatment and Return to Play of the Female Athlete Triad: 1st International Conference held in San Francisco, California, May 2012 and 2nd International Conference held in Indianapolis, Indiana, May 2013. British Journal of Sports Medicine. 2014 Feb;48(4):289–289.
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