Como
aumentar a distância semanal na
corrida?
Já
vimos anteriormente que o aumento agudo da intensidade ou volume de treinamento
pode aumentar o risco de se lesionar
(aqui). Então, como fazer o aumento da kilometragem semanal em atletas de
corrida?
Um
estudo feito pela Universidade de Aarhus, na Dinamarca, procurou responder a
essa questão (1). Nele, buscou-se acompanhar mais de 800 corredores iniciantes ao longo de um ano. Todos receberam
acompanhamento através da utilização de um GPS, visando obter dados a respeito
das distâncias recorridas para que fosse feita análise posterior. Eram
classificados, dentro das sessões de treinamento, de acordo com a progressão
feita na distância semanal: menos de 10% de aumento, 10 a 30% de aumento ou
aumento maior de 30%.
Além
disso, classificaram as lesões como sendo relacionadas ao ritmo ou ao volume (1,
2). Lesões de ritmo são aquelas
relacionadas à velocidade (distância dividida por tempo), enquanto as lesões de volume são aquelas
relacionadas à distância percorrida.
Exemplos
de lesões de volume, conforme
utilizadas no estudo (1) são dor patelofemoral, síndrome da banda íliotibial,
síndrome do stress tibial medial (canelite), tendinopatia patelar e bursite
trocantérica (que de bursite não tem nada - é uma tendinopatia glútea, voltamos
a isso em outras oportunidades), enquanto exemplos de lesões de ritmo são fasciíte plantar, tendinopatia de aquiles e
fratura de stress da tíbia. O que os autores hipotetizaram (1) é que,
justamente, as lesões de volume teriam sua incidência maior naqueles que
aumentaram a distância semanal em mais de 30%.
O
que foi encontrado é que, no geral, não houve diferença na incidência de
lesões. Porém, lesões de volume, foram
mais frequentes nos que aumentaram a distância em mais de 30% do que nos que
não ultrapassaram os 10% de aumento, conforme previsto. As lesões de ritmo tiveram
uma diminuição que não foi considerada significativa relativa ao aumento da
distância semanal.
Ou
seja, sugere-se assim que a etiologia das lesões
da corrida pode estar relacionada ao tipo de sobrecarga imposta e que, para
um controle adequado dessa sobrecarga, deve-se olhar não somente para os incrementos
da distância, mas também para outros fatores (1). Portanto, para evitar lesões
de volume, não exagere nos incrementos a
cada semana (a sugestão, conforme o artigo, é aumentar 10% ou menos por
semana), mas não deixe de olhar para o
ritmo e outros aspectos (aclives, declives, inclinação, tipo de piso, peso corporal,
lesões, prévias são apenas alguns possíveis exemplos).
E
que todos corram com (muita) saúde!
Referências Bibliográficas
1. Nielsen
RØ, Parner ET, Nohr EA, Sørensen H, Lind M, Rasmussen S. Excessive Progression
in Weekly Running Distance and Risk of Running-Related Injuries: An Association
Which Varies According to Type of Injury. Journal of Orthopaedic & Sports
Physical Therapy. 2014 Oct;44(10):739–47. NIELSEN et al (2014)
2. Nielsen
RO, Nohr EA, Rasmussen S, Sørensen H. Classifying running-related injuries
based upon etiology, with emphasis on volume and pace. Int J Sports Phys Ther.
2013 Apr;8(2):172–9. NIELSEN et al (2013)
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