Atletas
competitivos estão sujeitos ao desenvolvimento de dores e lesões durante a temporada. Cabe, especialmente ao Fisioterapeuta do Esporte elaborar e
aplicar estratégias para que esses atletas ou retornem o mais rápido possível
aos treinos e competições, ou sequer interrompam os treinos e competições apesar
de, eventualmente, sentirem dor, mesmo dores intensas.
Discutimos,
de forma pouco aprofundada, que o uso de aparelhos de eletroterapia e outros
poderia ser benéfico em pessoas com dores crônica, incluindo atletas. Isso, porém,
ainda é pouco investigado do ponto de vista científico. Cabe dizer, porém, que
um estudo que analisou os efeitos da Terapia
de Ondas de Choque Extracorpóreas em atletas de voleibol com Tendinopatia Patelar,
durante a temporada de competições, não apresentou resultados bons. Ou seja, a
eletroterapia não foi efetiva em
diminuir a dor ou melhorar a função em relação ao placebo (1). Vale dizer que a
intervenção durou apenas 3 sessões e que se fosse mais duradoura,
eventualmente, poderia ter trazido melhores resultados. Porém, 1 semana
após o final da intervenção, os resultados não foram superiores ao placebo (1).
Parece
que intervenções buscando objetivar melhora da dor e da capacidade física em esportistas,
durante a temporada esportiva, vêm sendo investigadas apenas em atletas de volei com tendinopatia patelar.
Felizmente, contrariamente aos resultados do estudo com eletroterapia, outras
intervenções têm demonstrado resultados positivos.
atletas de vôlei parecem mais sujeitos
ao desenvolvimento da tendinopatia
patelar
Sem
alterar a carga dos treinos ou competições, a realização de exercícios de
fortalecimento isotônicos (com movimento articular) ou isométricos (sem
movimento articular) para joelho parecem trazer diminuição das dores nos atletas de voleibol e basquetebol (2). Os
atletas jogavam ou treinavam, ao menos, três vezes por semana, e a intervenção
com exercícios foi realizada durante 4 semanas, com 4 sessões semanais de
isometria em extensão (cadeira extensora, 5 séries de 45 segundos para cada
perna, ângulo de 60 graus de flexão do joelho) ou de exercícios isotônicos
(cadeira extensora, 4 séries de 8 repetições máximas com cada perna). Houve uma
melhora significativa em ambos os grupos, na reavaliação logo ao final da
intervenção, com uma redução média de 2,3 pontos da dor (de 6,3 para 4) naqueles que
receberam exercícios com movimento, e de 3,5 pontos naqueles que receberam
isometria (5,5 para 2) durante a realização do movimento de agachamento
unipodal em superfície declinada (um teste que vem sendo usado tanto para
diagnóstico como para acompanhamento de atletas com tendinopatia da patela).
Essa diferença não foi considerada significativa do ponto de vista estatístico
e, além disso, ficou faltando um grupo placebo (lembra que falamos dele quando
discutimos analgesia?) para verificarmos se essas mudanças foram, de fato,
devido ao tratamento (2).
Um
outro estudo, porém, observou maiores
efeitos analgésicos do treinamento isométrico em relação aos exercícios com
movimento, imediatamente após sua realização, também em atletas de volei e
basquetebol (3). Essa é uma subanálise do mesmo do artigo discutido acima (2), ou
seja, para alguns atletas houve um acompanhamento da melhoria imediata da dor
em cada sessão de treinamento. A média de melhora após cada sessão de
exercícios foi de 1,8 ponto no grupo que realizou isometria, e de 0,9 ponto no
grupo que realizou exercícios com movimento, sendo isso significativo do ponto
de vista estatístico (3). Ou seja, os exercícios
isométricos parecem promover uma analgesia imediata mais significativa que
os exercícios como movimento. O mecanismo por trás dessa analgesia parece ser
de inibição intracortical (4), processo que ocorre dentro do córtex cerebral.
E
antes que alguém pergunte, exercícios
excêntricos parecem NÃO serem
benéficos para atletas de vôlei com tendinopatia patelar durante a temporada esportiva (5)!
O
ideal seria que houvesse a presença de um grupo
placebo nos estudos que compararam isometria e exercícios com movimento
(2,3) para, de fato, termos uma evidência mais sólida dos benefícios do
exercício durante a temporada esportiva.
Há
ainda muito o que descobrirmos. E você, qual
sua experiência, como profissional da saúde ou atleta, em relação à diminuição da dor ou melhoria da
incapacidade de atletas durante a temporada de competições? Conte-nos nos comentários ;)
Referências Bibliográficas
1. Zwerver J, Hartgens F, Verhagen
E, van der Worp H, van den Akker-Scheek I, Diercks RL. No effect of
extracorporeal shockwave therapy on patellar tendinopathy in jumping athletes
during the competitive season: a randomized clinical trial. Am J Sports
Med. 2011 Jun;39(6):1191–9.
2. van Ark M, Cook JL, Docking SI,
Zwerver J, Gaida JE, van den Akker-Scheek I, et al. Do isometric and isotonic
exercise programs reduce pain in athletes with patellar tendinopathy in-season?
A randomised clinical trial. J Sci Med Sport. 2016 Sep;19(9):702–6.
3. Rio E, van Ark M, Docking S,
Moseley GL, Kidgell D, Gaida JE, et al. Isometric Contractions Are More
Analgesic Than Isotonic Contractions for Patellar Tendon Pain: An In-Season
Randomized Clinical Trial. Clin J Sport Med. 2016 Aug 10;
4. Rio E, Kidgell D, Purdam C, Gaida J,
Moseley GL, Pearce AJ, et al. Isometric exercise induces analgesia and reduces
inhibition in patellar tendinopathy. Br J Sports Med. 2015
Oct;49(19):1277–83.
5. Visnes H, Hoksrud A, Cook J, Bahr
R. No effect of eccentric training on jumper’s knee in volleyball players
during the competitive season: a randomized clinical trial. Clin J Sport Med.
2005 Jul;15(4):227–34.
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